Uma das primeiras coisas que vi quando entrei no meu quarto de solteira depois de casada, foi um envelope de papel pardo grosso em cima da cama. E nele, tchan, tchan, tchan, estavam minhas contas: celular, empréstimo da obra, plano de saúde, financiamento do carro...
E um monte delas estavam atrasadas.
Que recepção!
Confesso: eu era a maior filhinha de mamãe da paróquia. Se meus pais fossem casados e meu pai não tivesse se divorciado também dos filhos, eu seria a maior filhinha de papai do universo.
Sempre, em toda a minha vida até então, minha mãe pagou tudo para mim. Tudo mesmo! Bom, menos o cineminha com o namorado, ou quando eu queria tomar um sorvete depois da aula da faculdade. Mas todo o resto, inclusive a gasolina do meu carro, era a minha mãe quem patrocinava. O meu dinheiro era para mim, e só. Depois quando virei funcionária pública, comecei a trabalhar de carteira assinada e tal, o meu dinheiro era para o cofrinho. E que cofrinho gordo eu tinha! Graças a Deus!
A bem da verdade, minha mãe nunca pediu para eu ajudar em casa. Afinal de contas, não precisava.
Porém, perto do casamento e a enrolação toda com tempo, a indisciplina e o caos assolaram as contas também, e foi aquela confusão. Foi nessa que ela esqueceu e protelou o pagamento de um monte das minhas contas.
Olha que presente maneiro para se ganhar na volta da lua de mel!
Eu tinha quase 3 prestações do carro atrasadas (com aviso de busca e apreensão e tudo), 2 do plano de saúde (que eles acabaram cortando e eu tive que ir na Av. Passos para resolver o problema), 1 de telefone... Enfim, eu estava fu e mal paga.
E aquela pulga atrás da orelha na ida da lua de mel, de que eu pensava que dinheirinho que Dê e eu tínhamos estava acabando rápido demais, virou um elefante a partir dali. Só que, quando peguei o envelope, eu tinha certeza de que resolveria tudo em dias.
Hahahahah
O dinheirinho não deu nem pra metade. E eu bolei muito, muito mesmo. Com Dê por de repente ter gasto sem me avisar, com minha mãe pelo presente de grego e, principalmente, comigo mesma por não ter crescido e assumido meus gastos, por pensar que o pote de ouro do fim do arco-íris fosse sem fundo...
Tudo se resolveu depois, mas foi trevas começar a vida de casados com dívidas. Conseguimos nos organizar, mas ainda não alcançamos o nível jedi para fazer poupança ou não entrar com merrequinhas no cheque especial todo mês.
Como diz o ditado, Quem casa paga a conta
(Imagem economia.uol.com.br)
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