sexta-feira, 15 de abril de 2016

Cortando o cordão umbilical

(pt.123rf.com)

Muitas de nós passamos por isso, e é mais comum do que se pensa, mas a maioria nem lembra dessa questão quando se está envolvida com tules, docinhos e flores: casar é dar tchau para uma família para construir outra.


 Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.

Acontece que minha mãe não aceitava muito isso, não... Falava coisas do tipo "No passado as pessoas não saíam da casa dos pais quando casavam, ficavam todos juntos. A casa era grande e se enchia de gente. Isso é muito bonito e não tem que acabar!". Não sei era o medo de ficar sozinha, a dor de ver que sua família nuclear agora era apenas ela e meu tio... Sei que até pouco tempo (3 anos depois que me casei!) ela ainda ficava forçando situações para me manter debaixo de suas asas.E isso foi muito ruim para nós dois, que queríamos solidificar nosso casamento, o que é super correto e saudável. Para nós que somos católicos, isso é uma lei divina. 
Em outubro de 2012 ela precisou fazer um retiro durante um mês inteiro, em Minas. Aquilo nos deu um certo alívio, foi quando nos vimos sozinhos. E posso dizer, com um pouco de culpa, que foi bom pra caramba ter esse tempo. Eu pensei que a partir dali a gente iria conseguir ter nossa liberdade de casal, mas não. Devo confessar que a gente pisava na bola também, como depender dela para ter água filtrada (já que a gente ainda não tinha filtro), espaço para estender roupas e outras coisas, que são aparentemente bestas, mas que amarravam ainda mais a cordinha... Ela não aceitava o fato de eu não estar mais disponível para fazer supermercado com ela, cuidar de sua casa, usar seu computador, ficar em sua casa quando eu estava livre... Ela até remanejou a sua folga semanal para o mesmo dia que a minha!
 Aos poucos, com ajuda de terapia (para mim e para ela) fui tomando coragem e, com muita pedagogia, cortando o cordão. A terapia ajudou a me livrar da culpa e do jogo psicológico de sequestro que ela fazia comigo. A terapia para ela foi essencial para que pudesse perceber que não estava me perdendo e que ela podia agora olhar para seus próprios projetos. Uma das coisas que me marcou nesse processo foi o fato dela resolver viajar sozinha para o cruzeiro do Roberto Carlos. 
Ainda hoje temos a "obrigação" de almoçar com ela aos domingos. Detalhe: quem faz o almoço sou eu e na casa dela. Ainda tenho um pouco de culpa quando eu saio direto do trabalho e vou passear com meu marido e não comunico a ela. Ainda temos algumas questões materiais simples de resolver, mas que alimentam o apego, como o fato de usarmos sua escada sempre que temos que trocar lâmpadas. 
Não sei se você também passou, ou passa, por isso com algum membro da sua família, ou se você mesma não corta o cordão. Mas lembre-se: a sua família agora é o seu marido. Cortar o cordão é necessário! Como um pintinho rompe com a casca, é preciso quebrar a antiga moradia, senão a gente não cresce, senão o casamento não sobrevive. Se estiver difícil fazer isso sozinha, procure ajuda de um profissional e alimente em você e seu marido a paciência. 
Vocês são os responsáveis pela nova família que formaram. 
Não aceitem invasões que vêm travestidas de ajudas.



(blogdadudi.com.br)

Um comentário:

  1. Olá, Natália!

    Ai meu Deus! Que maravilhosa reflexão nesta hora em que o meu filhote vai casar (dia 30 deste rs)

    Confesso que o friozinho na barriga, já chegou, mas estou feliz com o casamento dele. Espero em Deus que sejam muuuito felizes.

    Deus abençoe vcs hoje e sempre.
    Feliz final de semana, querida!

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