sexta-feira, 6 de maio de 2011

Brigando com minha mãe

Ironia do destino, calhou de falar disso justo às vésperas do Dia das Mães.

Depois de muito insistir, minha sogra e cunhada aceitaram o convite de passar o natal na casa nova de meu irmão. Ele, tenente da AMAN, foi morar em Resende e lógico que iríamos passar o natal lá! Pertinho de Penedo! Quem conhece sabe do que estou falando... Clima de Natal, chocolates maravilhosos, Casa do Papai Noel... Sem falar que a casinha nova do meu irmão é uma graça e cabe todo mundo lá! Teríamos um natal digno de propaganda da Sadia.
Fui com minha mãe e T'Pol (minha filha-poodle, chorando desesperada em sua cadeirinha no banco de trás) na frente. Sogrinha e cunhada chegariam naquela noite e Dê no dia seguinte.
Viagem tranquila, engarrafamento normal na Dutra na altura de Nova Iguaçu. Depois da Serra das Araras, minha mãe tirou do nada e não sei da onde o assunto "meu pai" (como ela sempre faz com os assunto que eu sei que vão dar m%¨&*).
_O que seu pai disse mesmo?
_Sobre? _senti que ela estava com rancor na voz e meio agressiva
_De não querer se encontrar comigo para conversarmos sobre o seu casamento.
_Ah, aquilo que eu já te disse... _tentei ser evasiva, pra esfriar o assunto.
_Não, me fala de novo! Eu quero saber! Aposto que foi uma desculpa esfarrapada!
E expliquei, escolhendo as palavras. Só que ela respondeu sem escolher as palavras e ofendeu todo mundo, inclusive a mim, me chamando de tonta, de que meu pai estava mais uma vez me comprando muito barato e que ele só estava pagando a bebida por interesse, porque ele gosta de beber. Que ele estava me dando migalhas.
Mas eu tenho uma paciência de Jó e um amor maior ainda pela minha mãe, então tentei contemporizar, dizendo que aquilo não eram migalhas, mas sinal do amor dele. Um sinal muito pequeno em comparação ao que ela me dá, mas muito grande ao que ele pode me dar, que eu não esperava nada de papai, que não importava se ele me desse nada, eu o amava do mesmo jeito.
_Então a errada sou eu! _e começou a ladainha se fazendo de vítima. Isso aos berros.
Não sei se fiz bem:
_Eu sei ser filha do meu pai e não esqueça de que o casamento é meu.
Caraca...
Ela falou mais meia dúzia de besteiras.
_Mãe, para, se acalma. Você tá falando essas coisas porque está nervosa.
_Eu não estou nervosa, sei muito bem o que estou falando e não vou me arrepender do que tô dizendo.
Aquilo me feriu. Uma dor tão funda no peito... Como é horrível descobrir que os pais são capazes de falar coisas tão cruéis sem se importar com o sentimento dos filhos... Não me interessa se na cabeça dela meu pai é um pilantra, mas dizer que sou uma idiota, esfregar isso na minha cara...
Não consegui segurar e chorei. Apertando os lábios com os dentes para não deixar escapar o som dos meus soluços, controlando a respiração para não chamar atenção. Não queria que ela me visse chorando.
Fixei meus olhos na estrada escura e pisei fundo para chegar o mais rápido possível, enquanto minha blusa molhava.


Depois, como sempre, ela perde a memória da briga. Lanchou, comentou algumas coisas da novela, recebemos a mãe e a irmã do Dê, me deu um beijo de boa noite e dormiu. Já eu passei um natal estranho, sem alegria. Justo eu que amo os natais... Na noite do dia 25 desabei a chorar com Dê, sentindo falta de minha avó que, mãe, daria logo uma bronca na minha mãe.
Essa não foi a única briga com minha mãe, não será a última... Muitas outras em relação ao casamento surgiram mas nem me lembro... Sabe por que esqueci? Porque, graças a Deus, as coisas que melhor sei fazer na vida são amar e perdoar. E amo muito a minha mãe. Isso é uma das coisas que me dá segurança em saber que serei uma boa esposa e uma boa mãe.

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